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Calor Intenso é o Resultado de Uma Cidade Sem Verde.

Cidades de médio e grande porte só começam a sentir o alívio térmico quando pelo menos 30 % de sua área urbanizada está coberta por vegetação. Com esse nível de implantação arbórea, não só as temperaturas caem, mas também melhoram a qualidade do ar e a qualidade de vida de quem vive na cidade.



Esse indicador é uma referência. É óbvio que cidades distantes do mar, localizadas nos trópicos e com taxas elevadas de ocupação do solo e de verticalização, precisam ter índices ainda mais elevados de cobertura vegetal.

É muito provável que 30% para Ribeirão Preto não seja suficiente para arrefecer o calor, sobretudo nos frequentes dias do ano em que as temperaturas são muito elevadas - superior a 35°C. Mas não é só quantidade que conta! A qualidade da vegetação, sobretudo das árvores, também exerce função essencial nas escalas local e microclimática. Árvores sadias, de porte grande e perenifólias contribuem melhor para a umidificação do ar e a consequente diminuição do calor.


Imagens de Satélite dos bairros Vila Albertina e Ipiranga - 2025 | Airbus - Maxar Technologies,  CNES | Google Maps
Imagens de Satélite dos bairros Vila Albertina e Ipiranga - 2025 | Airbus - Maxar Technologies,  CNES | Google Maps

Mas, quanto de cobertura arbórea temos? Ainda não sabemos precisamente qual é o índice de cobertura vegetal na área urbana. Mas há estudos que nos dão conta da escassez de vegetação na cidade, além, obviamente de sentirmos essa carência no dia-a-dia. Trabalhando com fotografias aéreas, o ecólogo Perci Guzzo constatou em 1.999 para três bairros da cidade, incluindo o Quadrilátero Central, índices de 7%, considerando apenas árvores.


Em 2012, o professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho da ESALQ/USP - Piracicaba, a partir de estudo contratado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ribeirão Preto, constatou que tínhamos 23% de cobertura vegetal na área urbanizada, considerando árvores e arbustos. Este trabalho utilizou imagens de satélite. Em levantamento mais recente, 2017, também realizado pelo professor Demóstenes, porém com metodologia um pouco diferente, obteve-se índice de 17% de cobertura vegetal.


Percentuais de Cobertura Arbórea  |  A Cidade ON -  2018
Percentuais de Cobertura Arbórea | A Cidade ON - 2018

Um estudo de 2024 liderado pelo pesquisador Mateus Grota Nishimura Ferro aplicou técnicas de visão computacional sobre 200 GB de imagens de satélite do Google para segmentar e georreferenciar polígonos de copas de árvores em Unidades de Ocupação Planejada (UOPs) de Ribeirão Preto. Os resultados revelaram uma cobertura arbórea média de apenas 13 % na área urbana, contrastando com 36 % em cidades altamente arborizadas como Tampa, e mostraram uma distribuição desigual das árvores—concentradas em bolsões verdes isolados—o que ajuda a explicar as frequentes “airfryer cities” em dias com temperaturas acima de 35 °C


Gráfico com a proporção de cobertura arbórea por UOP - Mateus Grota Nishimura Ferro
Gráfico com a proporção de cobertura arbórea por UOP - Mateus Grota Nishimura Ferro

Os dados deixam claro que Ribeirão Preto ainda está muito aquém dos 30 % ideais de cobertura verde. Para enfrentar o calor extremo e seus impactos econômicos e sociais, precisamos aumentar a quantidade e qualidade da arborização na cidade. Isso envolve não só plantar mais, mas apostar em espécies de grande porte, perenifólias e em um manejo adequado que garanta saúde e longevidade ao nosso verde. É urgente também investir em mapeamentos precisos e monitoramento contínuo, para orientar políticas públicas efetivas e envolver poder público, iniciativa privada e comunidade. Só assim construiremos uma cidade mais fresca, resiliente e agradável para todos.

 
 
 

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