Verdejamento das Escolas: Ribeirão Planta Agora o Futuro das Crianças
- ribeiraomenos3grau
- Apr 19
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Crianças e jovens passam, pelo menos, 25 horas por semana nos espaços escolares e sabemos que o ambiente têm impacto direto em seu desenvolvimento físico, emocional e cognitivo. Pensando nisso, o Instituto Ribeirão Menos 3 Graus propôs voluntariamente diretrizes ambientais para as escolas e uma Carta de Compromisso para a Prefeitura. Além dos benefícios climáticos, a Solução 12 prevê a criação de um modelo replicável de Verdejamento das Escolas, ampliando a cobertura vegetal da cidade e promovendo educação ambiental na prática.

O objetivo é claro: transformar as unidades escolares da rede municipal em espaços mais verdes, frescos, acolhedores e ricos em biodiversidade. Em setembro de 2021, a Carta de Compromisso foi assinada pela Prefeitura e pelas Secretarias do Meio Ambiente e da Educação, demonstrando o compromisso com o aumento do verde ao apoiar a Solução 12 do Instituto. A Secretaria Municipal da Educação assumiu então a gestão e a implantação do projeto nas escolas da rede pública municipal, coordenando ações, repasses e a execução com as APMs. Essa iniciativa reflete o esforço conjunto para promover um ambiente mais saudável e resiliente para todos, em especial as crianças e jovens. Foi o primeiro passo para tornar realidade um plano ambicioso: Ribeirão Preto 30% mais verde até 2030.
Implementação para 110 escolas públicas
O projeto contempla 110 escolas da rede municipal. Até agora, 30 projetos já foram concluídos e outros 25 estão em fase de implantação. Os dados são de setembro de 2023 e refletem o avanço contínuo da iniciativa desde sua implementação. As demais unidades estão em diferentes fases de planejamento e elaboração dos projetos paisagísticos, com acompanhamento técnico e pedagógico das equipes responsáveis.

Com a transformação dos espaços escolares, o verde passa a fazer parte da rotina dos estudantes e do ambiente educativo. Árvores, hortas, jardins e pomares se tornam ferramentas pedagógicas e, ao mesmo tempo, instrumentos de saúde e qualidade de vida para toda a comunidade escolar.
Impactos Ambientais e Climáticos:
O Verdejamento das Escolas está promovendo mudanças reais no cenário urbano e climático da cidade. Os dados abaixo refletem os impactos estimados do projeto nas unidades escolares da rede municipal e são inúmeros os benefícios ambientais gerados por essa transformação:
Área Permeável
34.950 m²
Cobertura Vegetal
93.920 m²
Captação de Água de Chuva em Litros (m³) 32.228.745
Novas Árvores Plantadas: 6.873
Sequestro de CO₂ até 2030
857 ton
Escolas Contempladas
110
Esses números não apenas expressam ganhos ambientais, mas também significam mais conforto térmico para quem vive o cotidiano escolar. De acordo com o estudo Protecting Californians with Heat-Resilient Schools, da Universidade da Califórnia, escolas que passaram por projetos de verdejamento registraram uma redução de até 4 °C na temperatura média dos ambientes externos em comparação a unidades sem áreas verdes. A sombra das árvores e a umidade gerada pela vegetação ajudam a suavizar o calor e tornar o espaço mais agradável, especialmente em regiões de clima quente como Ribeirão Preto.
Verdejamento e Saúde Infantil
Evidências científicas mostram que áreas verdes nas escolas são capazes de melhorar significativamente a saúde física e mental, as habilidades sociais e cognitivas, a criatividade e o desempenho acadêmico das crianças. Um estudo da Universidade de Hasselt, na Bélgica, por exemplo, revelou que crianças criadas em áreas mais verdes têm QI mais alto e maior capacidade de atenção. Segundo o professor Tim Nawrot, responsável pela pesquisa, "há cada vez mais evidências de que os ambientes verdes estão associados à nossa função cognitiva, como habilidades de memória e atenção" (fonte: UOL VivaBem, 2020).

A diretora do CEI (Centro de Educação Infantil) de Ribeirão Preto, Sônia Eurípedes da Costa Castro, também destaca os impactos positivos do verdejamento:
“Quando a criança está confinada em um espaço fechado, o educador precisa, a cada 20 minutos, criar situações lúdicas que a faça aprender, movimentar-se e não se sentir triste por estar confinada. A liberdade do espaço aberto, por si só, já proporciona isso. Então, conseguimos passar 50 minutos ou até mais com as crianças explorando a natureza.” Fonte:Entrevista à Revista Painel, da AEAARP, edição de setembro de 2023.
Mais do Que Plantar: Transformar
O Verdejamento das Escolas é parte da Solução 12 do plano que visa alcançar 30% de cobertura verde até 2030, desenvolvido pelo Instituto Ribeirão Menos 3 Graus. A proposta é criar um plano replicável para espaços verdes nas escolas, mas essa transformação vai além da infraestrutura e se conecta diretamente com o desenvolvimento da consciência ecológica dentro do ambiente educacional. Por isso, várias ações do projeto estão voltadas especificamente à formação e ao engajamento da comunidade escolar com a temática ambiental:
Integração da temática ambiental ao currículo escolar, por meio de atividades interdisciplinares ligadas ao Referencial Curricular do Município;
Envolvimento de alunos, famílias e funcionários em ações práticas de sustentabilidade, como hortas pedagógicas, compostagem e arborização dos pátios;
Promoção de oficinas, vivências e projetos colaborativos nos espaços verdejados, valorizando o protagonismo estudantil;
Atuação das APMs na implementação dos projetos paisagísticos e na articulação com a comunidade escolar;
Formação continuada em educação ambiental para professores, desenvolvida pelo Centro Educacional Paulo Freire.

Todas essas ações fortalecem a educação ambiental como prática transversal e cotidiana, aproximando teoria e prática e formando novas gerações mais conscientes e comprometidas com o meio ambiente.
O Projeto Agora é Lei
A importância e os resultados do Verdejamento das Escolas foram reconhecidos oficialmente com a sanção da Lei nº 15.034/2025, que institui o Programa Educação pelo Clima e o Selo Educação pelo Clima para escolas públicas e privadas de Ribeirão Preto. A lei estabelece diretrizes para o desenvolvimento de escolas verdes e sustentáveis, alinhadas à Agenda 2030 e às práticas pedagógicas de educação ambiental.
Além disso, em 30 de outubro de 2024, a Resolução SME nº 06/2024 estabeleceu oficialmente as diretrizes para a continuidade da implementação do projeto no âmbito da Secretaria Municipal de Educação, destacando a participação da comunidade escolar e a articulação com a Solução 12 do Instituto Ribeirão Menos 3 Graus.

Essas legislações garantem que o verdejamento deixe de ser apenas um projeto e se torne uma política pública permanente, com objetivos claros de regeneração dos biomas Cerrado e Mata Atlântica, além de promover a integração curricular da educação ambiental nas escolas municipais. Para a arquiteta Carla Roxo, cofundadora do Instituto, o ambiente escolar precisa ser o ponto de partida para essa transformação:
“Se desejamos um futuro urbano resiliente e sustentável, precisamos repensar os espaços educativos e trazer a natureza de volta para a rotina das crianças. Afinal, se a cidade não oferece esse contato, por que não começar pelos locais onde elas passam a maior parte do dia?”
Segundo especialistas como a norte-americana Jaime Zaplatosch Ehrenberg, líder da Children & Nature Network, escolas mais verdes ajudam a aumentar a resiliência climática das cidades, promovem saúde, bem-estar e maior engajamento da comunidade escolar.
Secretaria Municipal de Educação de Ribeirão Preto (2023)
Revista Painel – AEAARP, edição de setembro de 2023
UOL VivaBem, 2020: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/08/24/criancas-criadas-em-areas-mais-verdes-tem-qi-mais-alto-mostra-estudo-belga.htm
Children & Nature Network / Jaime Zaplatosch Ehrenberg – Conferência Internacional Espaços Naturalizados para as Infâncias (2023)
Instituto Alana, Instituto Criança e Natureza e ISGA
Resolução SME nº 06/2024
Lei nº 15.034/2025 – Programa Educação pelo Clima
Relatório "A Regeneração da Arborização dos Biomas Cerrado e Mata Atlântica", SME-RP (2023)
Sesc Revista E - Criança e Natureza - Artigos de Jaime Zaplatosch Ehrenberg e Carla Roxo (2023)





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