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Ribeirão Preto pode ter 11ºC a menos e um PIB 10,9º maior.

Quando se considera o efeito da ilha de calor urbano, os custos econômicos do aquecimento global podem ser até 2,6 vezes maiores, resultando numa queda de até 10,9 % do PIB municipal.



Um estudo lançado na revista Nature Climate Change (2017) aponta que os efeitos das mudanças climáticas podem ser dobrados nas cidades devido à chamada “ilha de calor urbano”. A pesquisa analisou 1.692 cidades e concluiu que os custos econômicos do aquecimento global podem ser 2,6 vezes maiores quando considerada a ilha de calor. No pior cenário em uma cidade, a perda pode chegar a 10,9% do Produto Interno Bruto (PIB) até o final do século, comparado a uma média global de 5,6% de perda.


A ilha de calor urbano ocorre quando superfícies naturais com vegetação e água são substituídas por concreto e asfalto, materiais que retêm calor. O efeito do excesso de edificação é exacerbado pela pelos veículos automotores e uso exagerado de condicionadores de ar. Acredita-se que o efeito das ilhas de calor irá acrescentar 2°C às estimativas globais de aquecimento nas cidades mais populosas até 2050. O resultado do estudo destaca a importância das intervenções e esforços na escala local.


Os autores do estudo expuseram, também, uma análise de custo-benefício de algumas

políticas locais para combater as ilhas de calor, como o uso de materiais de pavimentação mais refletivos, de telhados verdes e o aumento da vegetação nas cidades, consequentemente absorvendo menos calor.


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“As estratégias de adaptação no nível municipal para limitar o aquecimento local têm uma rede de benefícios econômicos importantes ” Richard S. J. Tol

Superfícies sombreadas podem ser 11 a 25°C mais baixas que não sombreadas.


A United States Environmental Protection Agency apontou que árvores e outras formas de vegetação reduzem a temperatura da superfície e do ar, através do forneciemnto de sombra, e da evapotranspiração. As superfícies sombreadas, por exemplo, podem ser de 11 a 25 ° C mais baixas que as temperaturas de pico de materiais não sombreados. A evapotranspiração, isoladamente ou em combinação com o sombreamento, pode ajudar a reduzir as altas temperaturas do verão de 1 a 5 ° C.

São mais úteis como estratégia de mitigação do calor quando plantadas ao redor de edifícios, para sombrear calçadas, ruas e estacionamentos. Outra alternativa são as ruas verdes com superfície porosa que permite que a água penetre e até as plantas cresçam, o que reduz a quantidade de calor absorvido por estas superfícies, além de beneficiar o processo da drenagem urbana.


A cidade de Sydney - Autrália, por exemplo, já tem cerca de 100 prédios com telhados ou paredes verdes, incluindo o premiado prédio do One Central Park. Essa abordagem reduz indiretamente o calor urbano, resfriando o próprio edifício e reduzindo o consumo de ar condicionado. Desta maneira, há uma redução na quantidade de calor residual liberado nos ambientes. Também em Sydney, pesquisas sugerem que a densidade e a cor dos materiais de construção são contribuintes significativos para o efeito das ilhas de calor.

"Isso afeta a quantidade de radiação solar que é refletida diretamente de volta ao invés de absorvida", diz a Dra Melissa Hart, diretora de pós-graduação do Centre of Excellence for Climate System Science at the University of New South Wales. "E, portanto, o simples fato de pintar com cores mais claras, já se tem um impacto positivo significativo."


One Central Park - Sydney
One Central Park - Sydney

Há também o acréscimo de calor no ambiente urbano a partir do uso frequente e, às vezes abusivo, dos aparelhos de condicionamento de ar em ambientes internos, contribuindo para um gasto excessivo de energia. Atualmente no Brasil, o horário de pico do uso da eletricidade não é mais por volta das 18 horas - a hora do banho - , mas sim às 15 horas - período do dia

em que os condicionadores de ar encontram-se ligados numa potência alta.


De modo análogo, estende-se o raciocínio para o uso exagerado de ar condicionado nos veículos automotores. Sendo assim, quanto maior incentivo à mobilidade ativa e ao transporte público, menos carros produtores de calor e de poluentes na cidade.


É essencial o amparo técnico


O plantio de árvores tem, no entanto, suas limitações. Deve ser tecnicamente ajustado ao padrão físico de cada local, compatibilizando com a presença da infraestrutura e do mobiliário urbano, por exemplo. O plantio indevido pode causar futuros problemas. Outros problemas, como manejo indevido de água para rega das mudas, são destacados pelo cientista pesquisador do Urban Living Lab da CSIRO Land and Water.

A implantação e manutenção destes deve considerar a pré-existência de possível vegetação e/ou a necessidade de incremento do verde em espaços livres de edificação. O planejamento e definições e escolhas devem ser feitos por profissionais multidisciplinares especializados na área, preferencialmente de forma conjunta, como Arquitetos e Urbanistas, Paisagistas, Ambientalistas e Engenheiros.

 
 
 

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